Bryan Singer regressa ao mundo de X-Men com um capítulo maioritariamente
enérgico e entusiasmante com uma extensa parada de personagens e caras
conhecidas, pecando por uma definição pouco clara do seu antagonista e por
alguns momentos caóticos.
Num futuro distópico, a raça mutante
encontra-se perto da exterminação às mãos de Sentinelas, robôs criados para
identificar e eliminar o gene mutante. Os X-Men, liderados por Magneto (Ian
Mckellen) e pelo Professor X (Patrick Stewart), são o último ponto de resistência,
mas a guerra está perto de ser perdida. A consciência de Wolverine (Hugh
Jackman) é enviada para o passado para reverter o futuro, passado em que os
jovens Magneto (Michael Fassbender) e Professor X (James McAvoy) se encontram
de costas voltadas.
Quando o
género cinematográfico da acção baseada em super-heróis de banda-desenhada
ainda não era a galinha dos ovos de ouro que hoje incontestavelmente é, nem se
legitimava como um de alguma qualidade, Bryan Singer surpreendeu em 2000 com X-Men, o primeiro filme de uma saga cada
vez maior que fez reemergir o género. Após um segundo filme, e enquanto o
género florescia, Bryan Singer e a saga seguiram caminhos opostos. Famosamente,
Singer tentou sem sucesso reavivar Super-Homem, enquanto a saga de X-Men pareceu perdida após X-Men: O Confronto Final, ambos em 2006.
Contribuindo posteriormente como argumentista para X-Men: O Início, a prequela para o seu original de 2000 que
pretendeu injectar a saga com frescura e vida, Singer regressa agora em pleno
com a realização de X-Men: Dias de Um
Futuro Esquecido.
Nesta
sequela/prequela, Singer reúne o melhor de X-Men
original e de X-Men: O Início, onde o
elemento agregador é nada mais nada menos que a personagem mais conspícua e
carismática de toda a saga, o Wolverine de Hugh Jackman. Através dos olhos de
Wolverine, a existência paralela das personagens de X-Men original com as de X-Men:
O Início não se torna confusa nem pesada. A premissa da narrativa é
simples: corrigir o passado para evitar o futuro. Todavia, tal como acontecera
em X-Men: O Início, a narrativa é
mais ambiciosa do que a mera premissa, integrando acontecimentos históricos
como o assassinato de JFK e a guerra do Vietnam (Nixon também está presente!),
bem como os referentes sentimentos de desconfiança e revolta. A ambiência
funciona para lançar um véu de suspeita governamental sobre a raça mutante e a
criação do programa de Sentinelas que no futuro mudará drasticamente a face do
mundo. Embora a reacção governamental à raça mutante faça sentido, a motivação
de Bolivar Trask, que serve de antagonista da história, carece de uma
explicação lógica e credível.
A realização
de Bryan Singer transparece todo o seu entusiasmo por voltar a ditar o caminho
da saga. Mais do que nunca, Singer parece no domínio de todo o universo de X-Men, de todas as suas
particularidades, potencialidades e limitações, combinando acção vibrante com
humor aguçado e momentos de carácter. Singer controla-se relativamente bem no
acto final, não exagerando na acção desmiolada de que padece o género. Alguns
dos seus planos, como um que envolve o poder de velocidade de Quicksilver,
ficam no olho. O elenco de X-Men: Dias de
Um Futuro Esquecido é vastíssimo, com o maior destaque para Hugh Jackman e
Jennifer Lawrence; entre cameos e
representações menores, algumas personagens perdem-se na amálgama de caras
conhecidas, mas para os fãs mais acérrimos qualquer vislumbre é um bónus. Mais
inquietante para estes fãs serão algumas discrepâncias assinaláveis na
cronologia dos eventos da saga.
Não sendo
perfeito, X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido
é uma lufada revigorante numa saga de altos e baixos. Bryan Singer consegue com
a narrativa restaurar a continuidade no mundo de X-Men, abrindo alas para novos capítulos, com composições de elenco
distintas. A sequela, X-Men: Apocalypse,
já está assegurada, mas é provável que desta história resultem outras
ramificações. Se continuar entregue a Bryan Singer, o mundo cinematográfico dos
mutantes está salvaguardado.
CLASSIFICAÇÃO: 3,5 em 5 estrelas
Site Oficial: http://www.x-menmovies.com/
Trailer:
O mais engraçado é que o Wolverine tem mais destaque e importância neste filme do que nos de franchise dele! Nota-se imenso que ele é um Gary Stu nos filmes do Wolverine, mas quando está nos X-men o script é mais contido.
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