Möbius
– Laço Mortal procura ser um drama sofisticado, mas é no princípio dramático
mais simples que o seu modesto sucesso reside: na relação amorosa entre os seus
protagonistas. Qualquer outra pretensão é sem fundamento.
Quando Cherkachin (Vladimir Menshov) percebe
que se pode tornar no próximo director do FSB, decidi destruir Rostovsky (Tim Roth), o magnata que
o colocará lá. Para tal, incube o seu agente Gregory “Moïse” Lyubov (Jean
Dujardin) para recolher informações sobre os negócios ilícitos de Rostovsky. Moïse cria um plano que envolve
Alice (Cécile de France), uma brilhante analista financeira a trabalhar
num dos bancos de Rostovsky.
Prestar
especial atenção no primeiro quarto de hora de Möbius – Laço Mortal é fundamental para compreender a narrativa,
uma demasiado amarrada sobre si própria para o seu bem. A complexidade do mundo
da espionagem nunca é dissuasora, mas quando emaranhada na linguagem intrincada
de um mundo financeiro desconhecido do espectador comum arrisca tornar-se
comprometedora. O realizador e argumentista Éric Rochant pretende extrair de Möbius – Laço Mortal algo muito mais
sofisticado do que a estrutura sustenta, encontrando até na personagem de Alice
uma responsável pela crise financeira que abalou a sociedade nos últimos anos,
a que acresce a disputa política e histórica entre as agências secretas dos
Estados Unidos e da Rússia, numa continuada guerra fria já mais para o morno.
A estrutura só
não rui graças à encantadora e cheia de química ligação das personagens Moïse e
Alice, cujos riscos num mundo carregado de segredos e contra-informações ajudam
a moldar um relacionamento docemente complicado, destinado, mais cedo ou mais tarde,
ao desastre. Os perigos da sedução numa envolvente onde todos mentem para
sobreviver são inúmeros, mas Alice e Moïse, incapazes de resistir à sedução mútua,
expõem-se ao seu mundo e ao espectador, residindo aqui o ponto de interesse de Möbius – Laço Mortal. O engrandecido foco
no relacionamento de Moïse com Alice, passando para o plano acessório as perspectivas
financeiras e de espionagem, aumenta eficazmente a intensidade na segunda
metade do filme, alinhando correctamente todas as peças para um desfecho que,
embora não necessariamente fechado, é ajustado à luz do mundo construído.
Éric Rochant
faz um trabalho decente atrás das câmaras, resistindo à fácil ostentação do
luxo que por vezes contagia trabalhos sobre o mundo da espionagem, sobretudo
quando filmado num local tão magnificente como o Mónaco indiscutivelmente é. Se
Éric Rochant é puramente pragmático na sua captura da narrativa, não o é na
forma como aborda o relacionamento entre Moïse e Alice, cujos momentos mais
íntimos são capturados de uma forma tão constrangedora quanto arrebatadora. Éric
Rochant extrai de Jean Dujardin e de Cécile de France duas representações aliciantes.
Dujardin trabalha o sedutor sem dificuldade, criando uma espécie de James Bond
russo mais terra-a-terra; do ponto de vista leigo, o seu russo parece muito bem
treinado. Cécile de France cria uma Alice confiante, segura e inteligente; é deslumbrante
e a câmara nunca se cansa da sua formosa figura feminina.
Möbius – Laço Mortal não é o típico
drama e as distintivas de thriller são até mais evidentes. Funciona na relativa
maioria, sobretudo quando finalmente se convence que a sua história é muito
mais sobre o complicado relacionamento de Moïse com Alice no mundo da
espionagem do que exclusivamente sobre o mundo da espionagem com implicações
financeiras.
CLASSIFICAÇÃO: 3 em 5 estrelas
Site Oficial: https://www.facebook.com/mobiuslefilm
Trailer:
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