Sem ritmo, com baixos níveis de suspense e
com Josh Brolin em baixo de forma, Oldboy
– Velho Amigo é um remake
sofrível que não trabalha as suas personagens e que desperdiça e torna
incredível a história de origem.
Joe Doucett (Josh Brolin) é um pai alcoólico
e irresponsável que provoca conflitos e mal-estar por todo o lado. Certo dia,
durante uma das suas intensas bebedeiras, Joe desaparece. Joe acorda num quarto
de hotel que lhe serve de prisão durante 20 anos, ao fim do qual é
inesperadamente libertado. Com sede de vingança, Joe procura o responsável pelo
seu cativeiro e pela morte da sua mulher, ao mesmo tempo que procura saber o
que aconteceu com a sua filha. Mas o jogo e as razões do seu captor são maiores
e mais antigas do que Joe imagina.
Oldboy – Velho Amigo, um remake do homónimo filme sul-coreano de
2003 de Park Chan-wook, que por sua vez se inspira na homónima manga japonesa, pouco faz para
justificar a sua existência. Privado de suspense e sem uma exploração decente e
sustentada da sua personagem principal, Oldboy
– Velho Amigo, quando não se lança numa frenética rotação kill-billiana, mais parece uma das
ocasionais investigações da série Casos
Arquivados, um case-of-the-week
que dispensa introduções à linha narrativa principal e que recorre a
apresentações sucintas de enquadramento e de circunstância. Joe surge como uma
personagem oca e indefinida, pontuada por momentos fugazes que apontam para um
indivíduo problemático, pretensioso e irresponsável, sem qualquer consequência
para a conotação moral de que este filme de Spike Lee necessita para fazer
razão de si mesmo.
Joe é
encarcerado sem ter decorrido o tempo necessário para a satisfatória
assimilação dos traços da sua personalidade e é libertado do seu cativeiro sem
ter decorrido o tempo suficiente para mostrar e comprovar as suas certamente
inúmeras privações, aflições e reflexões. Vinte anos parecem passar por Joe num
ápice, sem que ele mesmo se pareça dar conta disso. A alegada redenção que
completa neste período é de passagem ainda mais efémera, reduzida a algumas
linhas em voice-over das cartas que
vai escrevendo para a sua filha. Por via de uma montagem desnecessariamente
apressada, onde não escapam alguns notórios erros de continuidade, Joe nunca
justifica perante o espectador toda a panóplia de características que apresenta quando se encontra finalmente livre. Que Joe experimente um
qualquer não visto surto de absolvição e de retaliação durante o seu cativeiro
não é de todo inaceitável, mas que se transforme subitamente num herói
vingativo com poderes especiais é um salto de fé maior do que a reza das
pernas.
A história de Oldboy – Velho Amigo, que é praticamente
fiel ao original, embora o novo setting,
não está em causa, antes a maneira amorfa e sem ritmo como Spike Lee a recicla
no grande ecrã, desperdiçando sucessivamente conceitos e oportunidades de
aperfeiçoamento. Spike Lee desbarata de tal forma a história que a torna algo ridícula e incredível. Não ajuda a sua
realização a toada melodramática das suas abordagens tentativamente sérias,
envolta na música descontextualizada, ainda que bonita, de Roque Baños; nem as
performances sofríveis de Josh Broslin e Sharlto Copley. Josh Broslin aparece
perdido e espalhado ao comprido no seu registo, enquanto Sharlto Copley, na
tentativa de criar uma personagem estranha e memorável, cria uma personagem
absurda. Samuel L. Jackson é igual a Samuel L. Jackson nos papéis menos
convencionais: algo interessante, mas sem espaço para mais.
Oldboy – Velho Amigo oferece alguns bons
momentos de acção consequentes da sede de vingança e do carácter de justiceiro
implacável de Joe. No global, contudo, este remake
é um filme sofrível que resulta menos muito menos inteligente do que se julga e se apresenta. Certamente não se fundamenta perante o seu causador.
CLASSIFICAÇÃO: 1,5 em 5 estrelas
Site Oficial: http://oldboyfilm.tumblr.com/
Ttrailer:
Não vi, e gostei tanto do original, que perante este tipo de críticas acho que vou me deixar ficar quieto :)
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