Carrie
é uma adaptação desinspirada, rígida e inconsequente do clássico conto de
terror de Stephen King. Chloë Grace Moretz interpreta uma versão interessante
de Carrie White, mas a sua actuação não é suficiente para disfarçar as inúmeras
debilidades deste remake.
Carrie White (Chloë Grace Moretz) é uma
adolescente com problemas de comunicação e de integração na escola. Em casa,
Carrie tem uma relação muito difícil com Margaret (Julianne Moore), a sua mãe,
uma mulher desequilibrada com várias obsessões religiosas. Um dia, após uma
aula de ginástica, Carrie tem a sua primeira menstruação, a que reage violenta
e assustadoramente, tornando-se alvo de humilhação pelos seus colegas. Com o
aproximar do baile de finalistas, Carrie sente-se progressivamente alheada do
seu ambiente, enquanto dentro dela começam a crescer um conjunto de poderes
extraordinários.
À terceira
representação da história homónima de Stephen King, Carrie falha em criar algo verdadeiramente memorável. Alegadamente
mais fiel ao trabalho de King, a narrativa apresenta-se rígida e pouco disposta
a explorar as importantes questões que levanta. Destas, a temática do bullying é a que salta mais vista e
também a que tem menor aderência moral, portando-se exclusivamente como um
acelerador de reacções, para a reacção explosiva e destrutiva de Carrie. O
fanatismo religioso é outra temática a que Carrie
faz ténue alusão, sem origem ou fim claro, na forma do tratamento tortuoso e
castrador que Carrie recebe da sua desequilibrada e pouco, se não nada,
compreensiva mãe. Não obstante o cariz de terror e do sobrenatural que move
esta acção cinematográfica, Carrie
perde um importante nível de suspense psicológico por se enviesar das temáticas
atrás referidas.
Este Carrie procura ser uma evolução técnica
dos seus antecessores. Todavia, o último acto da história enche-se de efeitos
especiais e de CGI que se apresentam inacabados. Quando um filme como este
trabalha tanto para o seu último acto, menosprezando temáticas pontuais que vão
sobrevindo, e quando este último acto fica aquém das expectativas, técnica ou
narrativamente, sobeja a ideia de que todo o investimento, quer da produção
quer do espectador, foi largamente desperdiçado. É uma constatação infeliz,
porquanto Carrie até vinha a
apresentar até este derradeiro ponto algum potencial – em matéria (leia-se
narrativa) bruta – para se concluir noutro desfecho, com cabeça e sentido.
O elenco faz
um bom trabalho para manter a relevância das suas personagens, particularmente
o elenco mais jovem que tem que trabalhar com material já demasiado mastigado e
convencional. Chloë Grace Moretz é uma Carrie agradável, balanceando com
qualidade o lado frágil e tímido, de linguagem corporal fechada, com o lado
vingativo, poderoso e destruidor. Julianne Moore, enquanto a mãe fanática e
possessiva de Carrie, caminha sempre uma linha muito ténue entre o medo e o
ódio que a sua Margaret suscita e a comédia que o seu fanatismo
inadvertidamente origina.
Kimberly
Peirce não faz nada de extraordinário com esta nova incarnação de Carrie. A sua direcção é demasiado
convencional para justificar a nova abordagem ao trabalho de Stephen King,
mesmo que os valores de produção, com a óbvia excepção do CGI, sejam
razoavelmente competentes. No campo do horror, Carrie pouco ou nada assusta e nada na direcção de Kimberly Peirce
dá alguma vez ideia de ter pretensões do filme de terror com que se classifica,
ou do conto clássico de terror em que se (des)inspira. Não é nenhum exagero
concluir que este Carrie se encontra
fadado à inevitável deslembrança.
CLASSIFICAÇÃO: 2 em 5 estrelas
Site Oficial: http://www.carrie-movie.com/site
Trailer:
"Carrie" (2013): 4*
ResponderEliminar"Carrie" é um filme bastante bom e ofereceu-nos um desempenho bastante bom de Chloë Grace Moretz.
Cumprimentos, Frederico Daniel.