Ruidoso, confuso e recheado de frases
feitas, Batalha do Pacífico é uma amálgama
alarmante onde o toque de Midas de Guillermo del Toro para o fantástico e
imaginativo parece ter secado.
Quando um Kaiju, um gigantesco monstro
alienígena, atravessa uma brecha no Oceano Pacífico de um universo paralelo, as
forças governamentais mundiais unem-se para dar uma resposta à altura, criando
o Programa Jaeger para produzir igualmente gigantescos robôs. Anos mais tarde,
o Programa Jaeger perdeu popularidade e financiamento, mas pode ser a única e
derradeira salvação da humanidade quando a ameaça dos Kaiju se torna maior.
A mente
criativa de Guillermo del Toro raramente deixa a desejar, mas Batalha do Pacífico é um daqueles raros casos
em que a sua visão criadora atinge excessos e se rodeia de incongruências. Não
significa, todavia, que o elemento de ficção científica assente mal neste projecto.
A narrativa associada aos monstros Kaiju
e à sua origem suscita interesse, onde a influência da mitologia japonesa e,
porque não, de Godzilla é inteligível.
Contudo, o argumento de del Toro, que Travis Beacham também assina, parece
recusar-se, ante as sucessivas oportunidades que se apresentam, a desenvolver a
sua mitologia, quiçá precavendo-se para uma eventual sequela. O que sobra, então?
Uma interminável e dolorosa apresentação de CGI inacabado e de inteiras
sequências por computador que, embora a barulheira e explosão de cores,
demonstram pouca vida e péssima vitalidade.
Se a mitologia
associada aos Kaiju tem o seu
relativo valor, a associada aos Jaegers
é de pouca monta. O prólogo de Batalha do
Pacífico trabalha a ritmo elevado para criar e elevar expectativas, identificando
a criação dos gigantescos robôs e a maneira especial como funcionam, mas o
produto decorrente é altamente perecível. O processo de “Impulsão” é o único
elemento associado aos Jaegers que,
justiça seja feita, é original e imaginativo. É, também, o único ponto por onde
se pode enaltecer o filme. Do processo de “Impulsão” surge a integrante humana que
tanta falta faz às tresloucadas sequências de acção e surgem os únicos momentos
em que o filme pausa e se torna sério.
Num filme onde
todos parecem gritar constantemente, de onde não se exclui a banda sonora, as
actuações são insatisfatórias. Além de algum erro de casting entre Charlie Hunnam e Robert Kazinsky, que parecem praticar
o jogo do gato e do rato com a audiência, somam-se as actuações enervantes de Charlie
Day e Burn Gorman enquanto dois cientistas alucinados, actuações que, despidas
da intenção cómica, são profundamente inconsequentes. Idris Elba interpreta uma
alta patente militar como tantas outras que já passaram pelo grande ecrã, acrescentando
pouco e inovando nada. Safa-se desta melancolia a japonesa Rinko Kikuchi,
criando com competência valor emocional na personagem Mako Mori.
A utilização
da tecnologia 3D é favorável e a mais aprimorada dos últimos meses, não seja del
Toro um dos mais perfeccionistas no seu ramo. Aliás, o seu êxtase em Batalha do Pacífico é manifesto. No seu
recreio predilecto, o mexicano diverte-se com os seus robôs e com os seus
monstros a bel-prazer. Talvez nada seja para ser levado a sério, mas nenhum
recreio alguma vez é, e neste recreio em particular a seriedade é tão rara
quanto pó de osso de Kaiju.
CLASSIFICAÇÃO: 2 em 5 estrelas
Site Oficial: http://pacificrimmovie.warnerbros.com/
Trailer:
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