George Clooney apresenta-se em baixo de
forma em The Monuments Men – Os Caçadores
de Tesouros, um filme inseguro que se revela surpreendentemente
desinspirado e desinteressante, à margem dos seus próprios eventos.
Durante a 2ª Guerra Mundial, as forças
nazis, ocupando grande parte do continente europeu, tomam posse de inúmeras
obras de arte, que desviam em segredo para esconderijos desconhecidos. Frank
Stokes (George Clooney), com apoio presidencial, decide reunir um grupo de
especialistas, desde curadores de museu a historiadores da arte, intitulados
The Monuments Men, para recuperar as obras perdidas conforme os Aliados vão
libertando a Europa das forças inimigas.
George Clooney
tem vindo a revelar-se um realizador com mérito e talento, com a imaginação e a
hombridade certas para isolar a sua posição de notoriedade dos seus resultados
finais. Em The Monuments Men – Os
Caçadores de Tesouros, Clooney mostra-se surpreendente e lamentavelmente
desinspirado, construindo uma história de bons rapazes fora do seu tempo que se
desperdiça num limbo insípido entre a comédia acidental e o drama
constrangedor. Em sua defesa, Clooney parece tentar uma homenagem às comédias
militares que abundaram após a 2ª Guerra Mundial; nessa consideração, Clooney
faz uma boa continência e uma boa réplica do humor por vezes absurdo e
improvável que reina em referidos filmes.
Clooney atira
o seu trabalho para um espaço de indecisão narrativa, não conseguindo optar
pela comédia pura ou pela comédia de entoação dramática. No caso da história baseada
em factos verídicos de The Monuments Men
– Os Caçadores de Tesouros, adaptada do livro The Monuments Men: Allied Heroes, Nazi Thieves and the Greatest
Treasure Hunt in History de Robert M. Edsel, a narrativa pedia uma inflexão
dramática mais forte, mais presente e mais interligada com os restantes
périplos. Não o procurando, Clooney não consegue estabelecer empatia entre a
audiência e as suas personagens, nem criar a necessária perturbação quando
algumas delas se confrontam com real perigo, embora o potencial e o talento
estejam lá para alcançar algo muito mais superior.
A história de
um grupo de homens ligados às artes, de diferentes frentes, que se oferece com
pouca oposição para constituir uma task-force delegada para recuperar obras de
arte roubadas e desviadas por nazis poderia ser tomada por distintas
perspectivas. A perspectiva escolhida por Clooney, que assina o argumento com
Grant Heslov, é uma que resultaria pouco e o resultado final prova tal
constatação prévia. Esta não é, afinal, uma aventura de um grupo de Indianas
Jones, mesmo que a tentação seja encará-la dessa maneira. A ideia que sobeja é
que este grupo chega tarde para a festa e que fica à mercê dos seus restos. O
derradeiro falhanço de The Monuments Men
– Os Caçadores de Tesouros é não saber transformá-los em algo
profícuo.
Quando a
narrativa se apresenta em tal limbo e as personagens carecem de maior e melhor
profundidade, servindo de mero veículo expositivo, não há elenco de luxo que
consiga puxar pelos seus galões. Assim é o caso deste elenco, largamente
subaproveitado e inferiorizado no seu talento natural, limitando-se, talvez
porque também nunca reconheceu potencial no guião, a servir de receptáculo para
uma versão maçuda das suas personagens. A direcção artística de The Monuments Men – Os Caçadores de Tesouros
não é má; os cenários vibram com a reprodução da época e com a sublimidade das
inúmeras e distintas obras de arte. O guarda-roupa recria impecavelmente a era
e a fotografia de Phedon Papamichael, a par da música de Alexandre Desplat,
reflecte melhor a ambiguidade entre a leveza e a sensação de aventura e o
dramático e a sensação de perigo do que a própria narrativa.
The Monuments Men – Os Caçadores de Tesouros
desilude na abrangência e na importância da sua história e entretém muito
pouco. Irónico que, na ânsia da caça e da restauração de obras de arte, o filme
tenha falhado fazer alguma coisa útil por ela.
CLASSIFICAÇÃO: 2 em 5 estrelas
Site Oficial: http://www.monumentsmenmovie.com/
Trailer:
George Clooney já esteve mais inspirado no passado. Depois de ver "The Ides of March" achava impossível que seu talento para direção pudesse desandar. Seu talento para atuar já é outra história... para mim ele é bom, até quando não quer ser. Ainda não vi esse longa, mas também não vejo críticas muito elogiosas a seu respeito, o que não me cria nenhuma ansiedade de ver por enquanto. No futuro quem sabe o confira com mais interesse. Parabéns pelo blog e até a próxima!
ResponderEliminarabraço
marcelokeiser.blogspot.com.br
"The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros": 3*
ResponderEliminar"The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros" tem uma história interessante e é um bom filme, mas é apenas isso.
"The Monuments Men" tem um rico elenco, mas penso que os desempenhos prestados poderiam ter estado melhores.
Cumprimentos, Frederico Daniel.
Ps, prefiro o Clooney como ator do que como realizador.