quarta-feira, 2 de julho de 2014

Filme: Draft Day: Dia D (2014)

Embora recupere bem do seu forte apoio nas noções de futebol americano na parte inicial, Draft Day: Dia D nunca se afirma completamente como um drama nas suas próprias condições e termos, condicionado pelo alcance curto da sua insuficiente premissa.  

Sonny Weaver Jr. (Kevin Costner) é o Director Geral dos Cleveland Browns. Quando o dia do sorteio de novatos da NFL, a Liga Nacional de Futebol Americano, chega, Sonny tem que escolher entre a tradição e a novidade para fazer nascer a sua visão para o clube, mesmo que tal signifique abdicar da sua posição na estrutura.

A premissa de Draft Day: Dia D não apelará muito ao espectador português, não habituado ao futebol norte-americano e ainda menos aos seus complicados processos de selecção e de transferência de jogadores. Nestes processos inclui-se o amplamente publicitado Draft Day, um dia longo em que os melhores jogadores das universidades americanas têm a possibilidade de ingressar no futebol profissional, directamente numa das equipas de topo. A condição-mor é que estes aspirantes a estrelas não podem escolher a equipa de destino, ficando a aguardar o resultado de um sorteio que literalmente dita a sua carreira. Por seu lado, as equipas profissionais podem apenas escolher os seus rookies por uma ordem de sorteio pré-determinada. Naturalmente, quanto mais acima no sorteio maiores as hipóteses de ficar com as melhores promessas do futebol norte-americano.

Draft Day: Dia D gira em torno deste evento, apresentando uma versão fictícia da equipa Cleveland Browns à procura de escapar à pesada sombra das conquistas passadas. Guiada pelo Director Geral Sonny Weaver Jr., que procura fugir à reputação do seu recentemente falecido pai, os Cleveland Browns podem apenas escolher o seu rookie em sétimo lugar. Tudo muda quanto Sonny recebe uma proposta inesperada dos Seattle Seahawks para uma troca no sorteio, uma proposta com riscos que poderá dar aos Cleveland Browns Bo Callahan, o rookie mais bem cotado dos últimos tempos. Contrariando a vontade de toda a equipa, Sonny aceita a proposta dos Seattle Seahawks; todavia, quando começa a analisar Bo Callahan mais detalhadamente, Sonny começa a hesitar. A sua escolha, sob muita pressão, fica em dúvida até ao derradeiro instante.    

A parte inicial de Draft Day: Dia D, mais carregada na linguagem e na cultura futebolística norte-americana, é difícil de acompanhar. O filme quase que se perde nesta tão importante fase primordial. Conforme a narrativa se despe do seu desnecessário “complicómetro” e começa a expor bem as posições e as vontades de todos os seus intervenientes, o filme recobra-se, torna-se mais vivo e mais apelativo, embora fique sempre muito aquém de ser tornar num drama rico e relevante. Parte do recobro explica-se nas questões familiares de Sonny que se intercalam com as questões desportivas. Sonny deixa de ser apenas um Director Geral com um pensamento analítico e fica claro que a sua escolha será completamente emocional, assente no seu gut feeling. Kevin Costner desempenha esta faceta com mais à-vontade, redimindo-se de algum desencaixe no carácter autoritário da sua personagem. 


Tecnicamente, a realização de Ivan Reitman é segura. As transições entre planos e a sobreposição de personagens e cenários é uma escolha curiosa e conseguida. Ivan Reitman não consegue, contudo, revitalizar suficientemente o argumento de Rajiv Joseph e de Scott Rothman. Draft Day: Dia D nunca se torna no thriller que às vezes parece querer tornar-se; seria como um gato querer correr como um tigre. À parte de um momento de inspiração na recta final do filme, em que o plano e o génio de Sonny Weaver Jr. se revela, a narrativa é fracamente incisiva, quiçá não por falta de talento dos seus responsáveis mas por verdadeiramente não haver muito mais para dizer sobre um sorteio de futebol. Nem Draft Day: Dia D é um mau filme, nem a sua realização ou as suas actuações são más; simplesmente, a história não é atractiva ou memorável o suficiente. Falta sumo. Ou melhor, falta fruta para fazer sumo.   

CLASSIFICAÇÃO: 2,5 em 5 estrelas


Trailer:

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