
Depois de uma casa ilegal de póquer,
guardada pela máfia, ser assaltada por dois vulgares ladrões, Jackie Cogan
(Brad Pitt) é contrato para encontrar e eliminá-los. Quando descobre que um dos
ladrões o conhece, Cogan chama outro assassino, Mickey (James Gandolfini). Mas as
capacidades de Mickey já não são o que eram e Cogan terá que arranjar uma forma
de cumprir o seu contrato.
Mata-os suavemente parece o típico filme
sobre o crime e a máfia com as características de um clássico do género: um
excelente elenco, um realizador talentoso e um romance interessante. Mas a concretização
cinematográfica falha surpreendentemente, ensombrada pela escusada procrastinação,
pela proliferação de nós não resolvidos e pela teimosia pelo diálogo supérfluo.
Chega mesmo a parecer um consultório sentimental para assassinos a soldo,
quando não desperdiça vários minutos a preparar as execuções dentro de um carro
numa longa conversa sobre como agir (mas sem nunca parecer ter vontade em
fazê-lo).
A história,
entre o assalto e as execuções, tenta acomodar um tom crítico à economia, às
precárias condições sociais e ao final da governação de George W. Bush na América.
Intercalando conversas e situações com discursos do antigo Presidente
norte-americano (que na televisão fala de um império próspero e de um povo firme),
exorta uma fundamentação para as escolhas criminosas dos ladrões e daqueles que
os querem executar, mas sem nunca alargar a apreciação ou ostentar qualquer
forma de moralidade – a única que ressalta é que na América é cada um por si.
Os valores técnicos
do filme estão bons e a qualidade das interpretações nunca está em causa. Brad
Pitt está ao nível que tem vindo a habituar nos últimos trabalhos e James
Gandolfini, confortável num papel semelhante àquele que o tornou célebre no
pequeno ecrã, está perto do brilhantismo. Os diálogos, ainda que excessivos,
estão bem construídos e apresentam-se desinibidos como devem estar. O filme não
se coíbe na brutalidade dos crimes exibidos (quando finalmente os decide
aceitar), que mostra em planos habilmente conseguidos. As
músicas que se desenrolam em cenas-chave (dada a ausência de banda-sonora) são astutamente introspectivas.
Tudo em conta,
Mata-os suavemente não é uma película
de fácil, ou clara, degustação. Se um aceitar a suavidade e ultrapassar a
impaciência, apreciará a história e a maneira como decorre. Caso não, é provável
que experiencie frustração nos momentos mais parados e um alívio no final que
tem tanto de satisfação quanto de desagrado.
CLASSIFICAÇÃO: 2,5 em 5 estrelas
Site Oficial: http://killingthemsoftlymovie.com/
Trailer: