Agora
fico Bem, com actuações satisfatórias, pode iludir com a pretensão
emocional da sua história, mas o carácter estereotipado e barato de todo o
argumento é indisfarçável e lamentável.
Tessa (Dakota Fanning) é uma adolescente de
17 anos que se encontra na fase terminal de leucemia. Cansada e infeliz com as
várias viagens ao hospital que pouca qualidade de vida lhe têm acrescentado,
decide suspender todos os tratamentos e aproveitar o tempo e os momentos que
lhe restam para viver ao máximo e satisfazer todos os seus desejos. A vida de Tessa
melhora quando conhece Adam (Jeremy Irvine), tornando a sua escolha – de mais
nenhum tratamento – ao mesmo tempo difícil e essencial.
A história de Agora fico Bem, adaptado do livro Before I Die de Jenny Downham, é um
testemunho interessante sobre a fase derradeira, terminal, de uma terrível
doença. Desperta especialmente a curiosidade por retratar uma doente que decide
enfrentar o seu irrevogável destino, aceitando-o com a maior das virtuosidades em
vez de intentar penosos e infelizes tratamentos de pouco adiamento. Contudo, o
filme nunca abandona a corrente de convencionalismos a que inexplicavelmente se
prende, preterindo o efeito agonizante e redentor de uma resoluta doente de
leucemia por triviais dramas juvenis fundamentalmente descontextualizados. E
embora bem tencionada, a ideia de tornar a narrativa num conjunto de momentos significantes
apenas contribui para uma desestruturação ilógica e pouco emocionada.
De Agora fico Bem é exigido muito mais;
muito mais do que o filme mostra coragem. Várias são as temáticas a que a narrativa
alude – na família: o desolador inconformismo de um pai, a terrível passividade
de uma mãe e a venturosa ingenuidade de um irmão; na vida: os contidos receios
de um novo namorado e o desconsolo e a solidão de uma amiga de longa data. Infelizmente,
Agora fico Bem fica-se pela mera alusão
na maioria das situações, rejeitando sinceras vantagens para se refugiar e
refrear nas situações mais digeríveis e mais emocionalmente acessíveis. É, pelo
menos, decente a mostrar a visão de Tessa sobre a vida e sobre o medo que a
cerca. E sobre a sobriedade da lista de últimos desejos que elabora, mesmo que
o filme não chegue a mostrar ou a executar a maioria deles.
As interpretações
são o ponto mais forte de Agora fico Bem,
particularmente da jovem Dakota Fanning, com um interessante sotaque britânico,
que volta a confirmar as suas qualidades depois de alguns projectos recentes
menos bem-sucedidos. Jeremy Irvine, depois de Cavalo de Guerra, torna a mostrar uma disponibilidade e maleabilidade
emocional agradável. Os britânicos Paddy Considine e Olivia Williams, enquanto
pais de Tessa, primam pela capacidade de tornar dois papéis marginalizados em
duas actuações importantes para moderar o marasmo da teia dramática juvenil. A realização
de Ol Parker – o seu segundo trabalho – é relativamente exotérica, sem
contribuir com sinal mais ou menos para o panorama geral.
Agora fico Bem é, sobretudo, penalizado
por uma história mal abordada e emocionalmente simplificada, fazendo lembrar a
instantes uma adaptação de um dos muitos romances de Nicholas Sparks. A ideia até
pode ter sido a de se relacionar com tal público. Pena que Ol Parker não se
tenha dignado a pensar nos restantes espectadores. Talvez não tivesse
comprometido Agora fico Bem tanto à
partida.
CLASSIFICAÇÃO: 2,5 em 5 estrelas
Site Oficial: http://wwws.warnerbros.co.uk/nowisgood/index.html
Trailer:
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