segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Filme: A Árvore da Vida (2011)


Terrence Malick não é um realizador de muitos filmes. A sua carreira começou em 1969 e desde então realizou apenas cinco filmes. A Árvore da Vida é o seu sexto. Com um currículo tão curto é de esperar que cada filme de Malick seja uma experiência única. Para o pior ou para o melhor, A Árvore da Vida é precisamente isso.

A Árvore da Vida começa com um ensinamento fundamental: todos os indivíduos têm que escolher entre o caminho da graça e o caminho da natureza. O caminho da graça é o caminho da virtude, do perdão e da afeição. O caminho da natureza é o caminho da competição, da força e da conquista. Algures na década de 60 em Waco, Texas, Mr. O’Brien (Brad Pitt) – personificando a natureza – e Mrs O’Brien (Jessica Chastain) – personificando a graça – recebem a terrível notícia de que um dos seus filhos morreu. No tempo presente, Jack (Sean Penn), o irmão mais velho, recorda a sua infância e sua adolescência em Waco, o irmão que perdeu e questiona-se se tomou o caminho certo.

A Árvore da Vida não é de visualização fácil. A interpretação é ainda mais difícil. Malick faz um trabalho experimental nesta produção: sem uma linha de sucessão clara, o enredo surge fragmentado entre momentos de reflexão, momentos de diálogo minimalista e momentos de música deslumbrante e arrebatadora que acompanham questões filosóficas sobre a vida, a fé e a morte. Aliás, a fé é o grande fio condutor da história. Malick, que escreveu o argumento, parece querer passar a ideia de um grande arquitecto do universo que actua indirectamente. Uma impressionante sequência com efeitos especiais criados manualmente com recurso a químicos, fumos, luzes e chamas, mostra a criação do Universo, a formação da Via Láctea, do Sistema Solar, do Sol e, por último, da Terra e da Vida. Se alguma ideia Malick pretende passar com esta sequência é que a Vida é o resultado de uma combinação de probabilidades infinitamente pequenas.

Ao fim de uma hora, A Árvore da Vida estabiliza por fim a sequência vertiginosa de imagens e questões (um trabalho de edição complexo e meticuloso). Até aqui o filme parecia tomar os contornos de uma obra-prima, mas é curiosamente quando o enredo se torna mais limpo e palpável que o filme perde a sua potencialidade. Apesar de manter o carácter reflectivo, filosófico e simbólico, a experiência convulsionada de Malick perde fôlego e importância. É recuperada no último quarto de hora, mas surge tão de repente e descontextualizada que o significado desse derradeiro acto não é claro à primeira vista.

Brad Pitt, tal como em Moneyball, oferece uma performance inteligente e consegue exprimir com classe o caminho da natureza. Jessica Chastain é verdadeiramente adorável; é como a mãe que todos gostariam de ter – Mrs. O’Brien é virtude, é perdão e é afeição. Hunter McCracken, como o jovem Jack, oferece uma representação genuína e anormalmente madura. É um jovem actor para manter olho em cima.

A Árvore da Vida resulta de uma produção difícil, rejeitada e adiada. Agora que finalmente foi concretizada, está nomeada para três Óscares: Melhor Filme, Melhor Realizador e Melhor Fotografia. Não sendo certo que ganhe algum deles, é certo que não ficará esquecida. Alguns espectadores admirarão A Árvore da Vida; outros simplesmente repudiá-la-ão. Podia ter-se tornado uma incontornável obra-prima; não o sendo, é apenas um grande filme.


CLASSIFICAÇÃO: 4 em 5 estrelas


IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0478304/

Site Oficial: http://www.twowaysthroughlife.com/

Trailer:



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