Embora recupere bem do seu forte apoio nas
noções de futebol americano na parte inicial, Draft Day: Dia D nunca se afirma completamente como um drama nas
suas próprias condições e termos, condicionado pelo alcance curto da sua
insuficiente premissa.
Sonny Weaver Jr. (Kevin Costner) é o
Director Geral dos Cleveland Browns. Quando o dia do sorteio de novatos da NFL,
a Liga Nacional de Futebol Americano, chega, Sonny tem que escolher entre a
tradição e a novidade para fazer nascer a sua visão para o clube, mesmo que tal
signifique abdicar da sua posição na estrutura.
A premissa de Draft Day: Dia D não apelará muito ao
espectador português, não habituado ao futebol norte-americano e ainda menos
aos seus complicados processos de selecção e de transferência de jogadores.
Nestes processos inclui-se o amplamente publicitado Draft Day, um dia longo em que os melhores jogadores das
universidades americanas têm a possibilidade de ingressar no futebol
profissional, directamente numa das equipas de topo. A condição-mor é que estes
aspirantes a estrelas não podem escolher a equipa de destino, ficando a
aguardar o resultado de um sorteio que literalmente dita a sua carreira. Por
seu lado, as equipas profissionais podem apenas escolher os seus rookies por uma ordem de sorteio
pré-determinada. Naturalmente, quanto mais acima no sorteio maiores as
hipóteses de ficar com as melhores promessas do futebol norte-americano.
Draft Day: Dia D gira em torno deste
evento, apresentando uma versão fictícia da equipa Cleveland Browns à procura
de escapar à pesada sombra das conquistas passadas. Guiada pelo Director Geral
Sonny Weaver Jr., que procura fugir à reputação do seu recentemente falecido
pai, os Cleveland Browns podem apenas escolher o seu rookie em sétimo lugar. Tudo muda quanto Sonny recebe uma proposta
inesperada dos Seattle Seahawks para uma troca no sorteio, uma proposta com
riscos que poderá dar aos Cleveland Browns Bo Callahan, o rookie mais bem cotado dos últimos tempos. Contrariando a vontade
de toda a equipa, Sonny aceita a proposta dos Seattle Seahawks; todavia, quando
começa a analisar Bo Callahan mais detalhadamente, Sonny começa a hesitar. A
sua escolha, sob muita pressão, fica em dúvida até ao derradeiro instante.
A parte
inicial de Draft Day: Dia D, mais
carregada na linguagem e na cultura futebolística norte-americana, é difícil de
acompanhar. O filme quase que se perde nesta tão importante fase primordial.
Conforme a narrativa se despe do seu desnecessário “complicómetro” e começa a
expor bem as posições e as vontades de todos os seus intervenientes, o filme
recobra-se, torna-se mais vivo e mais apelativo, embora fique sempre muito
aquém de ser tornar num drama rico e relevante. Parte do recobro explica-se nas
questões familiares de Sonny que se intercalam com as questões desportivas.
Sonny deixa de ser apenas um Director Geral com um pensamento analítico e fica
claro que a sua escolha será completamente emocional, assente no seu gut feeling. Kevin Costner desempenha
esta faceta com mais à-vontade, redimindo-se de algum desencaixe no carácter
autoritário da sua personagem.
Tecnicamente,
a realização de Ivan Reitman é segura. As transições entre planos e a
sobreposição de personagens e cenários é uma escolha curiosa e conseguida. Ivan
Reitman não consegue, contudo, revitalizar suficientemente o argumento de Rajiv
Joseph e de Scott Rothman. Draft Day: Dia
D nunca se torna no thriller que às vezes parece querer tornar-se; seria
como um gato querer correr como um tigre. À parte de um momento de inspiração
na recta final do filme, em que o plano e o génio de Sonny Weaver Jr. se
revela, a narrativa é fracamente incisiva, quiçá não por falta de talento dos
seus responsáveis mas por verdadeiramente não haver muito mais para dizer sobre
um sorteio de futebol. Nem Draft Day: Dia
D é um mau filme, nem a sua realização ou as suas actuações são más;
simplesmente, a história não é atractiva ou memorável o suficiente. Falta sumo.
Ou melhor, falta fruta para fazer sumo.
CLASSIFICAÇÃO: 2,5 em 5 estrelas
Site Oficial: http://www.draftdaythemovie.com/
Trailer:
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