quarta-feira, 3 de abril de 2013

Filme: Conspiração Explosiva (2013)


Conspiração Explosiva torna-se rapidamente numa visualização fatigante, prologando excessivamente a intriga, tornando a vontade de a ver resolvida numa tarefa incómoda. Não abusando da acção, concede-lhe importância em demasia, ignorando as pertinentes temáticas sociais e políticas.  
   
Max Lewinsky (James McAvoy) é um detective em Londres. Uma noite, Max tenta impedir um roubo e capturar um dos principais bandidos, Jacob Sternwood (Mark Strong). Jacob consegue escapar, deixando Max ferido para trás. Três anos depois, Max ainda sofre as consequências do tiro de Jacob no seu joelho. Quando Jacob sai das sombras para encontrar os culpados por detrás da morte do seu filho, Max terá uma nova oportunidade para capturá-lo e ajustar contas.

Conspiração Explosiva dá a sensação de começar in medias res. Justamente, o filme começa em plena acção, em pleno prólogo, criando logo de início mazelas físicas e emocionais, identificando um conflito pessoal no qual procura alicerçar todo o resto do seu projecto. Todavia, a sensação de começo a meio das coisas não se esgota no pequeno prólogo, evidenciando-se, na verdade, ao longo da história. Embora um estratagema com os seus proveitos, transforma-se em Conspiração Explosiva num grave problema de continuidade, afectando o seu elemento cativante – o mistério. Durante a primeira metade, o mistério e o ar carregado interrogam o espectador, deixando-o deliberadamente perdido no labirinto de eventos; mas quando o desgaste é prolongado além do permissível, as revelações chegam demasiado tarde e sem importância. 

É lamentável que a opção do realizador Eran Creevy seja a de manter o espectador na ignorância até ao acto final. As temáticas que a sua história afinal trata são relevantes, actuais e interessantes. Creevy pretere-as, no entanto, à acção bruta, estilizada e maioritariamente sem sentido, arrastando-se em planos de câmara lenta que arrancam um improvável riso. O mau desenvolvimento das personagens e do seu carácter, bem como a péssima exposição das suas prioridades e das suas motivações, agravam o entendimento da narrativa.

O único ponto em Creevy se esmera é na maneira como captura a sobriedade de Londres, a implacidez das suas paisagens metropolitanas, o temperamento do seu tempo e das suas pessoas. No entanto, é apenas uma técnica meramente expositiva, que não coloca ou retira níveis de suspense. Tal trabalho fica a cargo da banda sonora; no entanto, parece tão perdida quanto espectador, excessivamente melodramática para a ocasião cinematográfica. O elenco é composto por bons nomes, de qualidades provadas, mas raramente ultrapassa a exigência dos requisitos mínimos. James McAvoy e Mark Strong mostram vontade em ir além da rigidez do argumento, o primeiro com expressões carregadas e mortificadas, o segundo com intensidade e amargura. Infelizmente, Creevy não permite espaço ao individual e íntimo.

Conspiração Explosiva é um filme que sucumbe à cobiça pela acção e à ineptidão em reconhecer as particularidades do indivíduo e da história. Se a infundamentada cisma para prolongar o mistério até ao fim tivesse sido resolvida de outra forma, outros caminhos, mais ponderativos e cativantes, ter-se-iam certamente apresentado. Como está, Conspiração Explosiva é um trabalho que começa in medias res e se fica in medias res.

CLASSIFICAÇÃO: 2 em 5 estrelas


Trailer:


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