Esquecido
é um filme de ficção científica decente, com uma linha de narrativa que se
revela lentamente, à medida dos seus panoramas pós-apocalípticos. É menos
inteligente do que a atmosfera sóbria pretende passar, e ainda menos exigente.
Jack (Tom Cruise) é o mecânico de drones do
sector 49, um dos que ficou para trás num planeta Terra destruído por uma
avassaladora guerra com uma força alienígena sessenta anos antes. A cerca de
duas semanas de se juntar ao resto do seu povo no satélite Titã, Jack executa
uma arriscada missão que coloca em risco todo o seu trabalho e até tudo aquilo
em que acredita.
A história de Esquecido, resultante de um trabalho
prévio, não publicado, do realizador Joseph Kosinski, começa de forma
rotineira, prototípica, estabelecendo as regras e as origens do desfigurado
mundo que se abre em planos extensos ao espectador. A deformação do planeta
Terra, em apenas sessenta anos, é de tal modo avassaladora que o mecânico de
drones Jack divaga, entre sobressaltos de pouca monta, pelos vestígios de
emblemáticas estruturas que outrora tornavam Nova Iorque num símbolo do mundo
moderno. Kosinski revela-se incapaz de resistir à força visual do pós-apocalíptico,
ultrapassando necessidades de enquadramento geográfico em claros traços Emmerichianos. Por mais interessante e visualmente impressionante que seja, o
exercício turístico de reconhecer famosas estruturas nova-iorquinas esgota-se
rapidamente.
A narrativa de
Esquecido, que sofreu um tratamento final
por Michael Arndt, abrange expedientes de ficção científica que já não são
propriamente originais. Possivelmente por essa razão, Esquecido delonga-se deliberadamente durante a primeira metade, conservando
os seus principais trunfos para a segunda. A primeira metade é essencialmente
expositiva, humorada, saltando entre momentos que sugerem uma reflexão superficial
à humanidade e à resistência da sua alma e momentos de acção maioritariamente
suportados no que de espectacular a nave em forma de libelinha consegue
produzir. O retardar intencional provoca a paciência do espectador, não
ajudando que ao lado de Jack apareça uma Victoria essencialmente genérica e monocórdica.
A segunda
metade destapa, enfim, o enigma. A imaginação por detrás de Esquecido, exibida finalmente nas suas
forças e fraquezas, desilude um pouco, faltando-lhe uma pitada de inovação e de
evolução temática. Felizmente, a abordagem de Kosinski à segunda metade melhora
consideravelmente e os elementos cinematográficos alinham-se na medida certa: a
banda sonora liberta-se da amarra electrónica a imitar Hans Zimmer e a
fotografia do recentemente galardoado Claudio Miranda nivela-se na balança,
entre o sépia do passado e o azul-acinzentado do presente. O último acto é estimulante,
particularmente para os amantes de ficção científica, cujos se verão embrenhados
em ramos de possibilidades.
As interpretações em Esquecido não são, ironicamente, memoráveis. Tom Cruise nunca
demonstra a carga psicológica que Jack, em conflito interno e de identidade,
deve estar a sentir. Andrea Riseborough cria uma Victoria aborrecida. Morgan
Freeman tem um papel relativamente curto e insignificante – a sua presença deve
ficar a dever-se à necessidade de incluir outro conceituado nome no elenco.
Olga Kurylenko, dos quatro, apresenta-se melhor, mas as circunstâncias a envolver
a sua personagem são também as mais cativantes.
Esquecido rodeia-se de momentos vulgares.
A originalidade não abunda tanto quanto pretende. Nem mesmo a imagem incisiva
de uma Lua fragmentada impressiona – não é novo e já enchia o olho em A Máquina do Tempo. Esquecido melhora consideravelmente conforme avança para o seu
último acto. Nele, redime-se o suficiente para não tornar tudo completamente
esquecível.
CLASSIFICAÇÃO: 3 em 5 estrelas
Site Oficial: http://www.oblivionmovie.com/
Trailer:
Bom dia André.
ResponderEliminarPesssoalmente falando, achei o filme bastante interessante e com uma banda sonora ainda melhor.
Não será um filme perfeito concerteza, com direito a passereles vermelhas nos óscares, mas os cerca de 124 minutos de duração passam num instante só tendo pena que não durasse um pouco mais.
No final do filme, enquanto ouvia a fabulosa música Oblivion dos M83, vejo-me a pensar que o filme embora tivesse potencialidades para muito mais cumpriu o seu objectivo. Um sério candidato para ser adquirido em Bluray quando tiver disponível.
Paulo
É um bom filme. Só...isso.
ResponderEliminarabraço e parabens pelo blog
marcelokeiser.blogspot.com.br