Frankenweenie
é regresso de Tim Burton à animação e também o regresso e reinvenção ao segundo
trabalho da sua carreira. Pontuado pela comédia, pelo afecto e pela vivacidade
do desenho, Frankenweenie seguramente
agradará a pequenos e graúdos.
Victor
Frankenstein (Charlie Tahan) é um pequeno cineasta e cientista que vive
inseparável do seu cão Sparky. Quando é convencido pelo seu pai a jogar basebol
para que conviva mais com os seus colegas da escola, Victor efectua uma jogada
que resulta no atropelamento de Sparky. Estimulado por uma das aulas de ciências,
Victor decide fazer o inimaginável: ressuscitar Sparky. A experiência funciona,
mas acarretará um conjunto de perigos que colocarão a cidade de New Holland, e
mesmo o regresso de Sparky, em risco.
Em 1984, Tim
Burton realizou uma curta-metragem para servir simultaneamente de paródia e
homenagem a Frankenstein de 1931. Com
apenas meia hora de duração, Frankenweenie
de 1984 é um filme razoável, com personagens reais e alguns efeitos especiais
interessantes. O seu mérito é, efectivamente, a reviravolta que dá à história
original de Frankenstein. Mas fica-se
por aí e fica no ar a sensação de que lhe falta essência, brilhantismo e
ternura. Tim Burton percebeu isso mesmo a dada altura e convenceu a Walt Disney
a financiar um remake. Usando muito a
técnica que aplicou em A Noiva Cadáver
(aliás, a equipa é quase a mesma), Burton reinventa Frankenweenie como uma longa-metragem de animação, acrescentado o
humor, o drama e o horror gótico que faltou à curta-metragem – chega mesmo a transladar
take a take algumas das cenas mais icónicas do original. A escolha pela
animação é a maior virtude do remake,
e bem assim a escolha por uma fotografia a preto e branco que acrescenta até
mais nitidez, detalhe e fantasia que o uso de coloração.
As personagens
são maioritariamente estereótipos da sociedade, mas não são por isso mal utilizadas.
Quase todas vêm do remake, e são todas
elas vivamente extrapoladas da sua versão original para uma forma mais
caricata, desarranjada e parva. É, no entanto, uma modificação que acaba por
trazer momentos inspirados e marcantes ao remake.
Em particular, a personagem de Victor surge mais irreverente, meiga e
escrupulosa.
Frankenweenie não traz nada de novo tecnicamente
– a intervalos, aliás, apresenta algumas imperfeições na espontaneidade das
imagens mais rápidas, como sejam os movimentos das pernas e das bocas (todavia, uma falha menor do stop motion que não esbarra com a beleza das imagens). O uso do
3D também nada acrescenta, como, de resto, poucos filmes têm acrescentado
ultimamente – é mais uma decisão monetária que uma decisão artística. Além
disso, existe um conflito temporal e histórico no guião: enquanto o setting é dos anos 50 para 60, são
feitas referências recentes como a exclusão de Plutão da lista de planetas.
Mas
as imperfeições técnicas e conflitos temporais não interessarão para o
espectador que procure, possivelmente em família, passar um bom momento. Frankenweenie está carregado deles e possui
uma estrela que tem o poder para ficar na memória de todos: Sparky. Se houve
quem se encantasse com Uggie n’O Artista, haverá com certeza quem se apaixonará
por Sparky, mesmo que ele não seja de pêlo e osso. Acompanhado por outra
excelente banda sonora de Danny Elfman (em mais uma colaboração com Burton), e
mesmo que o final não seja particularmente surpreendente, Frankenweenie é uma aposta ganha de Burton, nem que seja
tão-somente pelo contributo na promoção aos animais de estimação.
CLASSIFICAÇÃO: 3,5 em 5 estrelas
Site Oficial: http://disney.go.com/frankenweenie/
Trailer:
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