quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Filme: Frankenweenie (2012)


Frankenweenie é regresso de Tim Burton à animação e também o regresso e reinvenção ao segundo trabalho da sua carreira. Pontuado pela comédia, pelo afecto e pela vivacidade do desenho, Frankenweenie seguramente agradará a pequenos e graúdos.

Victor Frankenstein (Charlie Tahan) é um pequeno cineasta e cientista que vive inseparável do seu cão Sparky. Quando é convencido pelo seu pai a jogar basebol para que conviva mais com os seus colegas da escola, Victor efectua uma jogada que resulta no atropelamento de Sparky. Estimulado por uma das aulas de ciências, Victor decide fazer o inimaginável: ressuscitar Sparky. A experiência funciona, mas acarretará um conjunto de perigos que colocarão a cidade de New Holland, e mesmo o regresso de Sparky, em risco.

Em 1984, Tim Burton realizou uma curta-metragem para servir simultaneamente de paródia e homenagem a Frankenstein de 1931. Com apenas meia hora de duração, Frankenweenie de 1984 é um filme razoável, com personagens reais e alguns efeitos especiais interessantes. O seu mérito é, efectivamente, a reviravolta que dá à história original de Frankenstein. Mas fica-se por aí e fica no ar a sensação de que lhe falta essência, brilhantismo e ternura. Tim Burton percebeu isso mesmo a dada altura e convenceu a Walt Disney a financiar um remake. Usando muito a técnica que aplicou em A Noiva Cadáver (aliás, a equipa é quase a mesma), Burton reinventa Frankenweenie como uma longa-metragem de animação, acrescentado o humor, o drama e o horror gótico que faltou à curta-metragem – chega mesmo a transladar take a take algumas das cenas mais icónicas do original. A escolha pela animação é a maior virtude do remake, e bem assim a escolha por uma fotografia a preto e branco que acrescenta até mais nitidez, detalhe e fantasia que o uso de coloração.   

As personagens são maioritariamente estereótipos da sociedade, mas não são por isso mal utilizadas. Quase todas vêm do remake, e são todas elas vivamente extrapoladas da sua versão original para uma forma mais caricata, desarranjada e parva. É, no entanto, uma modificação que acaba por trazer momentos inspirados e marcantes ao remake. Em particular, a personagem de Victor surge mais irreverente, meiga e escrupulosa.

Frankenweenie não traz nada de novo tecnicamente – a intervalos, aliás, apresenta algumas imperfeições na espontaneidade das imagens mais rápidas, como sejam os movimentos das pernas e das bocas (todavia, uma falha menor do stop motion que não esbarra com a beleza das imagens). O uso do 3D também nada acrescenta, como, de resto, poucos filmes têm acrescentado ultimamente – é mais uma decisão monetária que uma decisão artística. Além disso, existe um conflito temporal e histórico no guião: enquanto o setting é dos anos 50 para 60, são feitas referências recentes como a exclusão de Plutão da lista de planetas. 

Mas as imperfeições técnicas e conflitos temporais não interessarão para o espectador que procure, possivelmente em família, passar um bom momento. Frankenweenie está carregado deles e possui uma estrela que tem o poder para ficar na memória de todos: Sparky. Se houve quem se encantasse com Uggie n’O Artista, haverá com certeza quem se apaixonará por Sparky, mesmo que ele não seja de pêlo e osso. Acompanhado por outra excelente banda sonora de Danny Elfman (em mais uma colaboração com Burton), e mesmo que o final não seja particularmente surpreendente, Frankenweenie é uma aposta ganha de Burton, nem que seja tão-somente pelo contributo na promoção aos animais de estimação.   

CLASSIFICAÇÃO: 3,5 em 5 estrelas

Trailer: 

Sem comentários:

Enviar um comentário