Arbitrage
– A Fraude é um drama meticuloso, com
sérios momentos de thriller e suspense.
Eximiamente representado, gira quase por completo em torno de Richard Gere, que
tão cedo na época de prémios pode ser um candidato a melhor actor.
Robert Miller
(Richard Gere) é um bilionário que acaba de completar sessenta anos de idade. A
perspectiva da velhice persuade-o a vender a sua organização a fim de tapar um
grave buraco financeiro provocado por um mau investimento. Mas nas vésperas de a
venda ser tornada oficial, Miller envolve-se num acidente de automóvel com a
sua amante. Temendo que o acidente adie a venda da organização, que leve a uma
auditoria mais profunda e que traga ao de cima as fraudes existentes, Miller
foge e tenta eliminar todas as provas da sua envolvência no desastre automóvel.
Arbitrage é um drama em três frentes. A
primeira, a disputa entre Miller e a polícia sobre o acidente automóvel. A
segunda, o desespero contido de Miller para vender rapidamente a sua
organização e esconder a fraudulência. A terceira, o comportamento furtivo de
Miller para esconder todos os problemas anteriores da sua família, nomeadamente
da filha e da mulher. Com todas estas frentes interligadas e influenciáveis
pelo resultado de uma ou de outra, Arbitrage,
que desembrulha o seu enredo sem pressas, tem a incomum capacidade de manter o
espectador com atenção ininterrupta.
É, sobretudo, um
muito interessante estudo a uma personagem – Miller – sem escrúpulos. Aliás, o verdadeiro
mérito de Gere, se não for a sua capacidade para humanizar Miller com muitos defeitos
e poucas virtudes, é a facilidade com que induz o espectador a torcer por um
homem fraudulento, infiel e incorrecto. Gere vende muito bem a sua personagem,
mas também a vende Susan Sarandon (como esposa atenta de Miller), Brit Marling
(como filha desconfiada de Miller) e Tim Roth (como detective compenetrado). É
pena que, todavia, Sarandon seja subaproveitada e não tenha uma presença mais assídua
nos 100 minutos do filme. Uma actriz do calibre desta senhora só poderia tornar
Arbitrage ainda melhor do que é. Mas
este é o filme de Gere e Gere é mestre no seu desempenho.
A produção de Arbitrage é boa e Nicholas Jarecki
merece ser elogiado pela sua primeira vez na cadeira de realizador; em especial,
deve ser aplaudido pelo argumento inteligente e consciente. Arbitrage contribui para mostrar uma vez
mais que as produções independentes têm muito valor. É, contudo, de lamentar
que Arbitrage acabe algo abruptamente
quando se sentia que ainda podia dar mais qualquer coisa.
CLASSIFICAÇÃO: 3,5 em 5 estrelas
Site Oficial: http://www.arbitrage-film.com/
Trailer:
Sem comentários:
Enviar um comentário