domingo, 14 de outubro de 2012

Filme: Arbitrage – A Fraude (2012)


Arbitrage – A Fraude é um drama meticuloso, com sérios momentos de thriller e suspense. Eximiamente representado, gira quase por completo em torno de Richard Gere, que tão cedo na época de prémios pode ser um candidato a melhor actor.

Robert Miller (Richard Gere) é um bilionário que acaba de completar sessenta anos de idade. A perspectiva da velhice persuade-o a vender a sua organização a fim de tapar um grave buraco financeiro provocado por um mau investimento. Mas nas vésperas de a venda ser tornada oficial, Miller envolve-se num acidente de automóvel com a sua amante. Temendo que o acidente adie a venda da organização, que leve a uma auditoria mais profunda e que traga ao de cima as fraudes existentes, Miller foge e tenta eliminar todas as provas da sua envolvência no desastre automóvel.

Arbitrage é um drama em três frentes. A primeira, a disputa entre Miller e a polícia sobre o acidente automóvel. A segunda, o desespero contido de Miller para vender rapidamente a sua organização e esconder a fraudulência. A terceira, o comportamento furtivo de Miller para esconder todos os problemas anteriores da sua família, nomeadamente da filha e da mulher. Com todas estas frentes interligadas e influenciáveis pelo resultado de uma ou de outra, Arbitrage, que desembrulha o seu enredo sem pressas, tem a incomum capacidade de manter o espectador com atenção ininterrupta.

É, sobretudo, um muito interessante estudo a uma personagem – Miller – sem escrúpulos. Aliás, o verdadeiro mérito de Gere, se não for a sua capacidade para humanizar Miller com muitos defeitos e poucas virtudes, é a facilidade com que induz o espectador a torcer por um homem fraudulento, infiel e incorrecto. Gere vende muito bem a sua personagem, mas também a vende Susan Sarandon (como esposa atenta de Miller), Brit Marling (como filha desconfiada de Miller) e Tim Roth (como detective compenetrado). É pena que, todavia, Sarandon seja subaproveitada e não tenha uma presença mais assídua nos 100 minutos do filme. Uma actriz do calibre desta senhora só poderia tornar Arbitrage ainda melhor do que é. Mas este é o filme de Gere e Gere é mestre no seu desempenho.

A produção de Arbitrage é boa e Nicholas Jarecki merece ser elogiado pela sua primeira vez na cadeira de realizador; em especial, deve ser aplaudido pelo argumento inteligente e consciente. Arbitrage contribui para mostrar uma vez mais que as produções independentes têm muito valor. É, contudo, de lamentar que Arbitrage acabe algo abruptamente quando se sentia que ainda podia dar mais qualquer coisa.  

CLASSIFICAÇÃO: 3,5 em 5 estrelas

Trailer:


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