Sombrio, sorumbático e relativamente misterioso, A Mulher de Negro oferece suficientes arrepios para manter o espectador intrigado e preso ao ecrã e a uma casa assombrada com os devidos conteúdos macabros e portas e solos rangedores.
Na era eduardiana, Arthur Kipps (Daniel Radcliffe), um jovem advogado, pai e viúvo, é encarregue de uma propriedade de uma falecida cliente no nordeste de Inglaterra, em Crythin Gifford. Apesar de ser mal recebido pelos locais e de ser avisado para não visitar a propriedade de Eel Marsh House, Arthur insiste em permanecer na vila e tratar de todos os assuntos que o trouxeram. Quando visita por fim a propriedade, que fica localizada numa pequena ilha no meio de um imenso pantanal, acessível apenas por uma longa estrada coberta na maré alta, Arthur começa a experimentar terríveis visões e assustadores sons. Quando começa a investigar mais sobre os antigos proprietários da casa, e em particular sobre o rapaz que ali morreu afogado, Arthur começa a compreender aos poucos o mistério à volta da Mulher de Negro. Apenas a sua valentia pode evitar o horror que se espalha pela vila.
Baseado no romance de Susan Hill, A Mulher de Negro é a espaços um bom filme de terror e suspense. Peca por usar técnicas já demasiado utilizadas e por oferecer momentos previsíveis e um desfecho que, embora diferente do romance em que se baseia, é demasiado antecipado. Ademais, o seguimento do enredo é por vezes pouco lógico, pouco desenvolvido e, em algumas partes, desnecessariamente contemplativo. Felizmente, A Mulher de Negro tem a seu favor um conjunto de sets magníficos. Em particular, a casa que serve de cenário a Eel Marsh House é apropriadamente misteriosa, fantasmagórica, quase como se tivesse a sua própria personalidade. A vila que faz a vez de Crythin Gifford (Halton Gill) é igualmente adequada, igualmente enigmática. Além disso, a época em que a história decorre também joga a seu favor – os belos medos irracionais de maldições e espíritos de uma sociedade na fronteira da era vitoriana com a modernização.
Radcliffe não está mal no seu papel. Mas poderia estar um pouco melhor. Querendo dar a Arthur Kipps a profundidade e a emoção que muitas vezes são deixadas de lado neste género cinematográfico, Radcliffe conduz Arthur de modo estranho em certas cenas – nomeadamente, a expressão do rosto não parece adequada ao que a personagem deve estar a sentir; Radcliffe tem medo de mostrar medo. E o facto de Arthur ser pai também não assenta bem em Radcliffe, provavelmente porque ele é ainda indissociável do papel de Harry Potter e da ingenuidade inerente.
Os elementos fracos de A Mulher de Negro são contra-balanceados pelos elementos fortes e o filme, no seu todo, é agradável. É no mínimo um desvio bem-vindo às recentes películas do género e só por isso, se não por nada acima escrito, merece uma menção positiva.
A Mulher de Negro estreia no próximo dia 8 de Março de 2012
CLASSIFICAÇÃO: 3 em 5 estrelas
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