O Substituto
nunca chega a atingir o potencial da sua história ou do seu bom elenco.
Parecendo a momentos mais um documentário do que um drama, resulta numa edição desordenada
de enredos que parecia desejar seguir, mas que foi deixando de parte, puramente
esquecidos, para manter o foco numa personagem de Brody que, embora ao seu
melhor nível, é tão confusa e incompleta quanto o filme em si.
Henry Barthes
(Adrien Brody) é um professor substituto que acaba de ser colocado, durante um
mês, numa nova escola. Enquanto enfrenta a doença do seu avô e dá abrigo e ajuda
uma jovem prostituta a recomeçar a sua vida, batalha com os vários problemas
sociais da nova escola e tenta compreender o papel e o trabalho dos seus
colegas. Mas como um outsider,
distanciado da realidade daquele meio, sentirá problemas e enfrentará vários desafios.
Se O Substituto faz uma coisa bem, muito
bem até, é expor a realidade de um professor numa escola com um meio social
complicado da forma mais crua e sincera. Mostra os desejos dos professores,
aquelas motivações primárias que os encaminharam à profissão – a vontade de
ajudar e marcar a diferença –, e depois o seu cair na realidade, no desespero,
na pressão por resultados forçadamente positivos, conformando-se com a
inaptidão de alunos desinteressados e pais indiferentes. Ainda que ao de leve,
faz uma decente exposição do bullying
e da prostituição juvenil. Mas O
Substituto é, sobretudo, uma introspecção de Henry Barthes e de tudo aquilo
que o leva a um distanciamento e desapego progressivos, à sua incapacidade,
resultante de uma tragédia passada mal explorada, para ser mais do que um simples
substituto.
Tivessem os elementos
anteriores sido orientados de uma maneira assertiva, O Substituto podia ser mais do que um simples filme: podia constituir
uma séria e incontornável lição. Mas como se perde numa edição confusa, e
mistura mal elementos de documentário e drama, desperdiça qualquer hipótese de
moralidade, mesmo que todo o filme esteja preenchido, possivelmente a tapar evidentes
fendas no guião, com frases e representações genuínas e motivadoras. Não ajuda
também que Henry Barthes seja uma personagem emocionalmente distante e que o
restante elenco esteja emocionalmente indisponível.
A edição, como
já mencionado, é confusa, baralha a identidade do filme, e a fotografia,
pontualmente com planos e disposições interessantes, nada traz de tecnicamente
relevante. A música que acompanha, particularmente melancólica e maçuda, não
oferece emoção ou disfarça a morosidade dos acontecimentos. Ocasionalmente,
gráficos animados, a similar giz num quadro de ardósia, expõem alguns
sentimentos mais profundos de algumas personagens e oferecem uma bem-vinda distracção,
mas não mais do que isso.
Adrien Brody
está de volta ao seu nível máximo de representação neste filme. Com o pouco que
lhe foi dado a fazer – emocionalmente –, superou-se. Esse aspecto, juntamente
com a forma como é reproduzido o ambiente social de uma escola, torna O Substituto cativante. Tudo o resto
torna-o irrelevante.
CLASSIFICAÇÃO: 2,5 em 5 estrelas
Site Oficial: http://detachment-film.com/
Trailer:
Dos melhores filmes que vi ultimamente ! Interessantíssimo, não concordo quase em nada com o que disse.
ResponderEliminarwow!!!! excelente filme!!!! discordo completamente doque vc disse!!!!! mil vezes um filme desse quilate que mais uma besteira do spilberg...
ResponderEliminarO filme é extremamente genial, discordo também e digo ainda, estou quase a me formar em licenciatura e o filme é um retrato real de algumas escolas atuais levando-se em consideração o ambiente e as formas de vida que habitam esse sistema. O filme é perfeito.
ResponderEliminarTbem discordo do q escreveu, filme excelente!!!! Muito mais do que a relação professor aluno, mostra o esgarçamento das relações humanas hj. Onde tudo é superficial ninguém enxerga mais o próximo, apenas o seu umbigo.
ResponderEliminarConcordando com todos a cima sou obrigada a descordar de você!! O filme é genial. Um dos melhores que já vi sobre esta temática.
ResponderEliminarConcordo com o autor da crítica no fato que tange a indisponibilidade emocional dos outros personagens. Por vezes estes são tratados apenas para exibir certos sentimentos específicos, o que certamente subtraia valor ao filme. Mas achei interessante misturar os acontecimentos em uma narração que se alterna entre drama e documentário. É muito comum quando conversamos com nós mesmos ou analisamos nossas vidas ou dias antes de dormir: estamos nos documentando em um filme produzido por nós.
ResponderEliminarRealmente poderia ser explorado melhor o passado dele. Acho que isto ocorreu pois são muito elementos no filme e é realmente difícil tratar tudo ao mesmo tempo com a mesma intensidade.
Sem mais delongas, é um ótimo filme. Recomendo que assista quando realmente estiver afim de pensar e sozinho, para que consiga captar todos os elementos possíveis e relacioná-los do modo correto. (7.5/10)
O filme é de um pessimismo aborrecedor! Não recomendaria a ninguém...
ResponderEliminarDesculpe, mas também não concordo de forma alguma com sua crítica, acho que assisti outro filme! Achei o filme intenso, sensível e de uma profunda reflexão que não se obriga a uma narrativa linear, tampouco a aprofundar a história do personagem principal em si, pois não é de uma única história que ele fala. Ele faz reflexões sobre as relações, a instituição escolar-falida, a sociedade e o lugar do jovem, sobre a complexidade em se constituir enquanto pessoa nos dias de hoje, o desamparo e a solidão... enfim, acho que você não entendeu nada do filme.
ResponderEliminarUm filme de compreensão não muito fácil. Apesar de retratar, mais fortemente, as realidades difíceis do cotidiano escolar dos professores e dos alunos, o filme também retrata, de maneira mais sutil, alguns momentos de felicidade e de possíveis superações.
ResponderEliminarO autor, David Nicholls, retrata as dificuldades pessoais enfrentadas tanto pelos professores quanto pelos alunos e expõe que cada um está imerso em suas próprias angústias, necessidades pessoais e "egoístas" cujo rompimento dessa bolha se da quando o professor substituto, Adrien Brody, passa a mostrar interesse sincero pelas pessoas. O filme mantém um suspense no ar nos instigando todo momento a anseiar a grande transformação que Henry irá fazer na vida dos alunos.
O filme nos faz refletir na dura realidade dos professores, em seu papel de ajudar a quem nem sabe que precisa ser ajudado e nos mostra o poder que o interesse sincero pelo bem do próximo pode possuir.
Algumas partes do filme não ficaram tão claras e sinceramente não vi a necessidade dessas sutilezas. Apesar do filme terminar sem explicações explícitas sobre alguns desfechos, que se respondem por simples interpretação dos fatos, fica confusa o intuito da parte narrativa do filme.
Um bom filme que nos da esperança de um futuro melhor, para a realidade dos personagens, mas que nos deixa desejando uma atitude do personagem principal para um desfecho menos melancólico. Ótima produção, fotografia, atores, mas um enredo não tom bom assim.