Ted abrange momentos de incrível humor, mas
fica aquém quando a sua personagem principal (que, afinal, nem humana é) se
encontra fora de cena ou quando o argumento abandona a comédia em favor de
dramas desinteressantes. Seth MacFarlane demonstra habilidade atrás da câmara,
mas o seu maior sucesso em Ted é Ted ele próprio – mal-educado, grosseiro e
hilariante, tal e qual como tantas outras personagens que MacFarlane criou para
o pequeno ecrã.
No natal de
1985, John Bennett (Mark Wahlberg), um menino solitário e triste, recebe um
boneco de peluche como prenda. Completamente afeiçoado ao peluche Ted (Seth
MacFarlane), John deseja que ele seja capaz de falar e que possam ser amigos de
verdade. E o desejo de John concretiza-se. Mas conforme os anos passam e as
responsabilidades aumentam, a relação entre John e Ted complica-se, sobretudo
com o impacto progressivo de Lori Collins (Mila Kunis) na vida de John.
MacFarlane
nunca desistiu de deixar claro nas suas séries de animação a sua inclinação para
o humor negro, chocante e provocador, para as inúmeras referências culturais, ou
a sua aversão aos meios religiosos. MacFarlane recicla toda a sua bagagem e
reutiliza-a em Ted, maioritariamente de modo divertido, aqui e ali de forma
forçada. A comédia é mesmo a sua maior qualidade e a personagem Ted é tão
marcante como, por exemplo, Peter Griffin em Family Guy (aliás, com quem parece
mesmo partilhar a voz). No entanto, quando MacFarlane se arrisca em campos
dramáticos, no argumento escrito por ele mesmo, fica bem patente a sua
dificuldade em lidar descontraidamente com o género, mesmo que Wahlberg e Kunis
(particularmente esta) dêem o seu melhor para disfarçar o constrangimento envolvente.
Não é normal
ver Wahlberg neste género de filmes e a sua escolha foi arriscada. Mas no final
a aposta é ganha por Wahlberg – John consegue ser a espaços tão divertido
quanto Ted, quanto não seja pela infantilidade de um homem de 35 anos que não
consegue deixar o seu ursinho de peluche (sendo Ted como é, quem conseguiria?).
Ted inclui ainda um conjunto inesperado de cameos,
com o grande destaque a ir para Norah Jones numa presença incrivelmente
descontraída e mesmo corajosa.
Ted apresenta
uma premissa anormal, para não dizer irrisória. Mas rapidamente conquista o
público com o carácter tão intrinsecamente humanizado do urso de peluche.
Apenas por ele vale a pena o visionamento do filme, sobrepondo-se a sua incontornável
presença e o seu forte carisma aos clichés que tapam assim-assim alguns dos buracos
do argumento. O enredo principal toma muito tempo a clarificar-se e a edição é
algo convulsionada, mas quando Ted é engraçado, é mesmo engraçado.
CLASSIFICAÇÃO: 3 em 5 estrelas
Site Oficial: http://www.tedisreal.com/
Trailer:
Sem comentários:
Enviar um comentário