domingo, 1 de abril de 2012

Filme: Comprámos um Zoo! (2012)


Comprámos um Zoo! retrata uma família fragilizada à procura de superar uma tragédia e de tentar um novo começo. A relação familiar é o coração do filme, polida por uma actuação inspirada de Matt Damon. A execução, porém, não é tão limada.

Benjamin Mee (Matt Damon), um repórter de aventuras recentemente viúvo, procura equilibrar o seu trabalho com as suas novas exigências familiares e domésticas. Quando o seu filho Dylan de catorze anos (Colin Ford) é expulso da escola por acumulação de faltas, Benjamin decidi desistir do seu trabalho e dedicar-se a procurar um novo começo para a sua família. Numa visita com um agente imobiliário a moradias colocadas à venda, Benjamin encontra a casa correspondente aos seus desejos. Há apenas um senão: a casa vem com um zoo. Vendo o sorriso de volta ao rosto da sua filha Rosie enquanto ela se fascina com os animais, Benjamin avança com a compra e com a recuperação do zoo. E talvez não seja a única coisa que Benjamin consegue recuperar.    

O grande tema do filme é a superação, um que pode ser encontrado em vários momentos da história. Aliás, a recuperação do zoo é uma analogia, um paralelismo, para a recuperação da família de Mee, para o fortalecimento dos laços de carinho entre eles. Benjamin Mee, apesar de ser aquele que toma os necessários esforços para começar de novo, parece ser, no entanto, o mais relutante em avançar em frente – é incapaz de frequentar os mesmos sítios que a sua falecida mulher frequentava e tudo aquilo que a faz lembrar torna-o subitamente cabisbaixo e infeliz. E a sua relutância, mais tarde no filme, em abater um velho tigre em sofrimento demonstra perfeitamente a sua insistência em querer manter as coisas como são, como eram; a sua incapacidade para deixar partir e avançar. Matt Damon consegue trabalhar todos estes elementos da sua personagem sem nunca a reduzir à pequenez ou caricaturá-la como outros têm feito em papéis semelhantes.   

Comprámos um Zoo! é o tradicional filme familiar que conjuga um drama suave com comédia ocasional. Mas este é baseado em elementos reais, inspirado nas memórias do real Benjamin Mee que na verdade comprou e recuperou um zoo em Devon, Inglaterra. O argumento de Cameron Crowe faz as necessárias adaptações para criar um ambiente mais dramático e afectivo. Mas o argumento peca por ir, em certos elementos, além do necessário. Falo, nomeadamente, da relação entre Dylan e Lily Miska, uma rapariga de treze anos que trabalha no zoo com a sua prima Kelly (Scarlett Johansson). É um ponto desnecessário da história, mal concretizado e mal representado, embora os dois jovens actores façam um esforço para tornar esses momentos agradáveis. Aliás, toda a história envolvendo Dylan está pobremente concretizada.

Scarlett Johansson está aqui num papel mais terra-a-terra do que o habitual. E assenta-lhe bem. A química entre a personagem dela e de Damon funciona melhor no campo profissional do que no emocional, mas tal resulta também da própria temática de superação e recomeço.

O ritmo de Comprámos um Zoo! poderia ser mais rápido, a música que acompanha podia ser menos alheada e se os seus vários elementos podiam ser melhor tratados. Ainda assim, Comprámos um Zoo! é filme agradável que merece a atenção do espectador, nem que seja pelo menos para se encantar com a alegria contagiante da pequena Rosie.

CLASSIFICAÇÃO: 3,5 em 5 estrelas


Trailer:

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