Comprámos um Zoo! retrata uma família fragilizada
à procura de superar uma tragédia e de tentar um novo começo. A relação
familiar é o coração do filme, polida por uma actuação inspirada de Matt Damon.
A execução, porém, não é tão limada.
Benjamin Mee
(Matt Damon), um repórter de aventuras recentemente viúvo, procura equilibrar o
seu trabalho com as suas novas exigências familiares e domésticas. Quando o seu
filho Dylan de catorze anos (Colin Ford) é expulso da escola por acumulação de
faltas, Benjamin decidi desistir do seu trabalho e dedicar-se a procurar um
novo começo para a sua família. Numa visita com um agente imobiliário a
moradias colocadas à venda, Benjamin encontra a casa correspondente aos seus
desejos. Há apenas um senão: a casa vem com um zoo. Vendo o sorriso de volta ao
rosto da sua filha Rosie enquanto ela se fascina com os animais, Benjamin
avança com a compra e com a recuperação do zoo. E talvez não seja a única coisa
que Benjamin consegue recuperar.
O grande tema
do filme é a superação, um que pode ser encontrado em vários momentos da
história. Aliás, a recuperação do zoo é uma analogia, um paralelismo, para a
recuperação da família de Mee, para o fortalecimento dos laços de carinho entre
eles. Benjamin Mee, apesar de ser aquele que
toma os necessários esforços para começar de novo, parece ser, no entanto, o
mais relutante em avançar em frente – é incapaz de frequentar os mesmos sítios
que a sua falecida mulher frequentava e tudo aquilo que a faz lembrar torna-o
subitamente cabisbaixo e infeliz. E a sua relutância, mais tarde no filme, em
abater um velho tigre em sofrimento demonstra perfeitamente a sua insistência
em querer manter as coisas como são, como eram; a sua incapacidade para deixar
partir e avançar. Matt Damon consegue trabalhar todos estes elementos da sua
personagem sem nunca a reduzir à pequenez ou caricaturá-la como outros têm
feito em papéis semelhantes.
Comprámos um
Zoo! é o tradicional filme familiar que conjuga um drama suave com comédia
ocasional. Mas este é baseado em elementos reais, inspirado nas memórias do
real Benjamin Mee que na verdade comprou e recuperou um zoo em Devon,
Inglaterra. O argumento de Cameron Crowe faz as necessárias adaptações para
criar um ambiente mais dramático e afectivo. Mas o argumento peca por ir, em
certos elementos, além do necessário. Falo, nomeadamente, da relação entre
Dylan e Lily Miska, uma rapariga de treze anos que trabalha no zoo com a sua
prima Kelly (Scarlett Johansson). É um ponto desnecessário da história, mal concretizado
e mal representado, embora os dois jovens actores façam um esforço para tornar
esses momentos agradáveis. Aliás, toda a história envolvendo Dylan está
pobremente concretizada.
Scarlett
Johansson está aqui num papel mais terra-a-terra do que o habitual. E
assenta-lhe bem. A química entre a personagem dela e de Damon funciona melhor
no campo profissional do que no emocional, mas tal resulta também da própria temática
de superação e recomeço.
O ritmo de
Comprámos um Zoo! poderia ser mais rápido, a música que acompanha podia ser menos
alheada e se os seus vários elementos podiam ser melhor tratados. Ainda assim,
Comprámos um Zoo! é filme agradável que merece a atenção do espectador, nem que
seja pelo menos para se encantar com a alegria contagiante da pequena Rosie.
CLASSIFICAÇÃO:
3,5 em 5 estrelas
Site Oficial: http://www.weboughtazoo.com/
Trailer:
Sem comentários:
Enviar um comentário