Recheado de humor, de surpreendentes
cenários e de um quinteto fora de série liderado por Chris Pratt e Bradley
Cooper, Guardiões da Galáxia emerge
de todas as dúvidas e suspeições como um dos blockbusters mais fortes do Verão
e da Marvel. “I am Groot” veio para
ficar.
Quando a sua mãe morre na sua infância,
Peter Quill (Chris Pratt) é raptado por seres alienígenas de uma galáxia
distante. Peter cresce para se tornar Star-Lord, um temerário fora-da-lei
conhecido e procurado por toda a galáxia. Quando é encarregue de recuperar uma
esfera misteriosa que pode alterar o equilíbrio do universo, Peter junta-se a
Gamora (Zoe Saldana), Rocket (Bradley Cooper), Drax (Dave Bautista) e Groot
(Vin Diesel) para desfazer os planos maquiavélicos de Ronan (Lee Pace) e Thanos
(Josh Brolin).
Não obstante o
sucesso de bilheteira (e a maioria de crítica) de Homem de Ferro, de Thor,
de Capitão América e de Os Vingadores, a aposta dos estúdios da
Marvel em Guardiões da Galáxia,
adaptação cinematográfica de um conjunto de banda desenhada menos conhecido, é
potencialmente de risco, capaz de se tornar na pedra no sapato do mundo
cinematográfico que o estúdio tem vindo a construir paulatinamente desde 2008.
O conceito desta aposta exige mais capacidade de imaginação e predisposição
para o elemento fantástico que qualquer entrada anterior. Basta constatar a
existência de uma árvore andante e falante (embora o seu vocabulário se reduza
a três simples palavras) e de um guaxinim eloquente e rude, além do sem-número
de planetas, locais e raças que abundam este projecto, para compreender o nível
de abstracção exigido. Tudo parece alinhar-se para transformar Guardiões da Galáxia no derradeiro tiro
no pé… mas não podia ser uma suspeição mais longe da verdade.
Incrivelmente
divertido, carregado de acção e de personagens memoráveis, Guardiões da Galáxia é a maior vitória da Marvel até ao momento. Se
este conceito funcionou, qualquer um a que se proponha no futuro funcionará. O
sucesso desta aposta reside totalmente na diversidade e peculiaridade de cada
um dos cinco elementos que compõem os correctamente intitulados Guardiões. A
narrativa não é particularmente intricada ou inteligente; na verdade, segue o
mesmo padrão básico dos restantes títulos da Marvel: um desafio herculano que
exige o total sacrifício dos seus protagonistas e que culmina num capítulo
final ofuscado por acção excessiva e por actos altruístas exageradamente
óbvios. Guardiões da Galáxia não foge
a esta fórmula, que amargamente parece cada vez mais obrigatória e imutável.
Felizmente,
existe Peter Quill, Gamora, Drax, Groot e, estrela da companhia, Rocket para
fazer esquecer a corriqueira narrativa e a ausência de um vilão suficiente e
aceitavelmente ameaçador. Mais do que a sua capacidade para produzir planos
bonitos e cheios de contagiante energia, James Gunn deve congratular-se pela
espontânea e notável união de personagens com idiossincrasias tão próprias, tão
fora do comum, que captura primeiramente no argumento que assina com Nicole
Perlman e posteriormente com a sua imparável câmara. Guardiões da Galáxia é forte quando o foco de James Gunn
permanece no quinteto e fraco quando, por necessidades narrativas pedestres,
foge a ele. Thanos pode muito bem ser o grande vilão do mundo cinematográfico
da Marvel e Ronan, num escalão inferior, um inimigo poderoso; todavia, a
interlocução entre ambos não desperta tanto interesse quanto o filme quer levar
a crer. Nesse aspecto, se se libertasse das exigências marvelianas, Guardiões da
Galáxia poderia perfeitamente ser mais dirigido para comédia e menos para
acção, mantendo a triunfante aposta no humor e na electrizante banda sonora dos
anos 80.
No que deve
ser o ponto de viragem definitivo da sua carreira, Chris Pratt assume-se como
uma estrela, lembrando um jovem Harrison Ford em Guerra das Estrelas. Aliás, e considerando o enquadramento
galáctico, Peter Quill parece justamente inspirado em Han Solo, esse outro
rebelde e fora-da-lei que também se fazia acompanhar pelos companheiros mais
improváveis. Se Chris Pratt dá a cara e o corpo ao manifesto, Bradley Cooper
apregoa a sua qualidade entregando a voz ao admirável, inconcebível, Rocket.
Zoe Saldana enquanto Gamora, Dave Bautista enquanto Drax e Vin Diesel enquanto
Groot não brilham tanto quanto o duo anterior, mas impressionam o suficiente
para deixar um encanto duradouro, particularmente Vin Diesel com as mil e uma
formas diferentes de proferir “I am Groot”.
O restante elenco apesenta-se em bom plano, com destaque para Lee Pace (e a sua
fabulosa dicção) e John C. Reilly.
Se alguma
lamentação existe relativamente a Guardiões
da Galáxia, para além da narrativa e da exígua vilanagem, é a infeliz
pertença ao restante mundo cinematográfico da Marvel. O potencial desta
adaptação enquanto um início e um fim em si mesma, ao estilo da saga Guerra das Estrelas, é francamente
superior. Guardiões da Galáxia não
precisa de cruzar-se com Homem de Ferro, Thor, Capitão América ou Os
Vingadores. Está num grau acima, numa galáxia distante, rica, colorida e
aventurosa o bastante - e mais ainda - para que continue a existir sozinho, sem
os encontros futuros já anunciados. Leva a dizer “I am Groot”.
CLASSIFICAÇÃO: 4 em 5 estrelas
Site Oficial: http://marvel.com/guardians
Trailer:
Para mim este é um dos melhores filmes da Marvel, amei. 5*
ResponderEliminarSendo viciada em cinema, cheguei aqui e foi uma bela surpresa! Bom trabalho!
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