quinta-feira, 22 de maio de 2014

Filme: X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido (2014)

Bryan Singer regressa ao mundo de X-Men com um capítulo maioritariamente enérgico e entusiasmante com uma extensa parada de personagens e caras conhecidas, pecando por uma definição pouco clara do seu antagonista e por alguns momentos caóticos.

Num futuro distópico, a raça mutante encontra-se perto da exterminação às mãos de Sentinelas, robôs criados para identificar e eliminar o gene mutante. Os X-Men, liderados por Magneto (Ian Mckellen) e pelo Professor X (Patrick Stewart), são o último ponto de resistência, mas a guerra está perto de ser perdida. A consciência de Wolverine (Hugh Jackman) é enviada para o passado para reverter o futuro, passado em que os jovens Magneto (Michael Fassbender) e Professor X (James McAvoy) se encontram de costas voltadas.

Quando o género cinematográfico da acção baseada em super-heróis de banda-desenhada ainda não era a galinha dos ovos de ouro que hoje incontestavelmente é, nem se legitimava como um de alguma qualidade, Bryan Singer surpreendeu em 2000 com X-Men, o primeiro filme de uma saga cada vez maior que fez reemergir o género. Após um segundo filme, e enquanto o género florescia, Bryan Singer e a saga seguiram caminhos opostos. Famosamente, Singer tentou sem sucesso reavivar Super-Homem, enquanto a saga de X-Men pareceu perdida após X-Men: O Confronto Final, ambos em 2006. Contribuindo posteriormente como argumentista para X-Men: O Início, a prequela para o seu original de 2000 que pretendeu injectar a saga com frescura e vida, Singer regressa agora em pleno com a realização de X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido.

Nesta sequela/prequela, Singer reúne o melhor de X-Men original e de X-Men: O Início, onde o elemento agregador é nada mais nada menos que a personagem mais conspícua e carismática de toda a saga, o Wolverine de Hugh Jackman. Através dos olhos de Wolverine, a existência paralela das personagens de X-Men original com as de X-Men: O Início não se torna confusa nem pesada. A premissa da narrativa é simples: corrigir o passado para evitar o futuro. Todavia, tal como acontecera em X-Men: O Início, a narrativa é mais ambiciosa do que a mera premissa, integrando acontecimentos históricos como o assassinato de JFK e a guerra do Vietnam (Nixon também está presente!), bem como os referentes sentimentos de desconfiança e revolta. A ambiência funciona para lançar um véu de suspeita governamental sobre a raça mutante e a criação do programa de Sentinelas que no futuro mudará drasticamente a face do mundo. Embora a reacção governamental à raça mutante faça sentido, a motivação de Bolivar Trask, que serve de antagonista da história, carece de uma explicação lógica e credível.   

A realização de Bryan Singer transparece todo o seu entusiasmo por voltar a ditar o caminho da saga. Mais do que nunca, Singer parece no domínio de todo o universo de X-Men, de todas as suas particularidades, potencialidades e limitações, combinando acção vibrante com humor aguçado e momentos de carácter. Singer controla-se relativamente bem no acto final, não exagerando na acção desmiolada de que padece o género. Alguns dos seus planos, como um que envolve o poder de velocidade de Quicksilver, ficam no olho. O elenco de X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido é vastíssimo, com o maior destaque para Hugh Jackman e Jennifer Lawrence; entre cameos e representações menores, algumas personagens perdem-se na amálgama de caras conhecidas, mas para os fãs mais acérrimos qualquer vislumbre é um bónus. Mais inquietante para estes fãs serão algumas discrepâncias assinaláveis na cronologia dos eventos da saga.

Não sendo perfeito, X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido é uma lufada revigorante numa saga de altos e baixos. Bryan Singer consegue com a narrativa restaurar a continuidade no mundo de X-Men, abrindo alas para novos capítulos, com composições de elenco distintas. A sequela, X-Men: Apocalypse, já está assegurada, mas é provável que desta história resultem outras ramificações. Se continuar entregue a Bryan Singer, o mundo cinematográfico dos mutantes está salvaguardado.

CLASSIFICAÇÃO: 3,5 em 5 estrelas


Trailer:  


1 comentário:

  1. O mais engraçado é que o Wolverine tem mais destaque e importância neste filme do que nos de franchise dele! Nota-se imenso que ele é um Gary Stu nos filmes do Wolverine, mas quando está nos X-men o script é mais contido.

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